Estou participando de um concurso literario com esse texto, caso alguém queira me ajudar deve acessar www.jrocha.com.br/historias e votar no meu texto, desde já agradeço.
Evidio
Zimmer
O meu nome é Norman Cole. Sou
detetive de para normalidades e de ufologia. O meu pai nasceu na Inglaterra e a
minha mãe na Alemanha. Por ironia do destino me geraram no Brasil e por isso
digo que não fui naturalizado brasileiro, fui traduzido para o português. Não
fiquei revoltado com isso, apenas um pouco irônico.
A maior parte do dinheiro com o
qual me sustento vem de um blog que fiz sobre os casos que pesquisei. São os
patrocinadores que me sustentam, já que na maioria dos casos eu não cobro nada,
investigo por gostar do assunto.
Eu tinha acabado de sair de uma
padaria onde fui fazer um lanche quando o meu celular tocou. Olhei para o visor
e era um número não cadastrado.
- Pois não, Norman Cole?
O meu jeito de atender era
totalmente brasileiro. “Pois não” – um inglês nunca diria isso.
- O senhor é detetive?
- Sim, mas não atendo casos
comuns – avisei – só coisas estranhas.
- Eu acho que você vai querer
investigar o meu caso. – Disse o homem do outro lado da linha – o meu caso
realmente é estranho.
- Tudo bem – respondi – vamos ao
assunto.
- O senhor pode ir até a rua dos
cata ventos?
Olhei em volta e percebi que
estava próximo. Era só dobrar a esquina e descer meia quadra, atravessar a rua,
contornar a praça e pronto.
- Posso sim – respondi.
- Então quando o senhor chegar
na rua tornarei a ligar – e o telefone desligou. Não perdi tempo e comecei a
andar. Ao chegar à rua o telefone tornou a tocar.
- Agora vá até a capela
mortuária e entre. Lá dentro eu quero que o senhor observe uma mulher loira que
está usando um blusão de lã azul. Só que para evitar confusão, vamos nos
comunicar via mensagem, certo?
Concordei. Ele estava certo. Lá
dentro vi o morto num caixão, o que era de se esperar e também vi a mulher descrita
pelo meu cliente. Havia ainda outras pessoas, não muitas, umas oito no total.
Tentei reconhecer o morto, mas
não o conhecia.
- “Já vi a mulher”- digitei e
enviei.
- Muito bom – respondeu meu
cliente. – Agora olhe para o morto.
Já tinha feito isso, mas tornei
a olhá-lo.
- Também já olhei para ele.
Posso saber quem é o defunto?
Acho que algumas pessoas
perceberam que eu estava enviando mensagens, mas não liguei. A resposta dele
veio logo.
- Esse cara que está no caixão
sou eu.
- O que?! – gritei em voz alta.
Todo mundo me olhou, menos o morto. Pedi desculpas e saí rapidamente. Lá fora voltei
a falar com o meu cliente. – Que história é essa?
- É verdade – disse-me ele – eu
morri atropelado por causa da mulher do blusão. Eu quero que você investigue o
motivo.
- Que motivo?
- Acontece o seguinte: eu ia
atravessar a rua, mas parei porque ouvi o ronco de um veículo. Ela estava uns
dois metros a minha frente. Ela olhou para trás e começou a atravessar a rua.
Deduzi que o carro não vinha na nossa direção, mas para meu azar ele vinha me
atropelou e morri ali mesmo. Eu quero que o senhor descubra por que ela fez
isso. Certo?
Fiquei sem saber o que fazer,
mas disse que investigaria o caso.
Para minha sorte a mulher do
blusão não tardou a sair. Ela caminhou até a estação do ônibus e embarcou no
primeiro que chegou. Também entrei e desembarquei com ela. A mulher andou duas
quadras e entrou num edifício. Na mesma hora uma idosa saía. Percebi que
trocaram um olhar nada amistoso. Aproveitei a deixa e fui conversar com ela.
- Bom dia. Eu preciso de uma
informação. A senhora conhece a mulher que acabou de entrar?
Ela me olhou como se fosse me
devorar.
- Essa doida aí? Claro que
conheço.
Percebi que a idosa estava
aborrecida e por isso tentei não ser desagradável.
- Eu preciso saber sobre a saúde
mental dela. Ela tem algum problema?
- Um não, um monte! – fez uma
pausa e depois continuou – Ela está se tratando com o psiquiatra ali na outra
quadra.
A idosa foi gentil. Deu-me o
nome do psiquiatra e da mulher em questão. Agradeci e saí rapidamente. Fui até
a outra quadra e encontrei o consultório. Ele estava fechado. Por isso fui para
casa. Assim que cheguei o meu cliente ligou.
- Alguma novidade?
- Amanhã eu resolvo tudo – falei
calmamente, mas confiante.
- É bom – disse-me – eu tenho
pressa. Sinto que o meu espírito está sendo puxado. Logo tenho que me afastar
da terra.
No outro dia fui até o
consultório do psiquiatra. Felizmente o encontrei sozinho. Era um jovem
simpático, disposto a conversar.
- bom dia – disse-me sorrindo –
posso ajudar?
- Sou o detetive Norman e
preciso de uma informação sobre uma paciente.
- Tudo bem – falou – já visitei
seu blog.
Dei o nome da paciente e ele
riu.
- É uma esquizofrênica com
tendência suicida. Sempre atravessa as ruas perigosamente torcendo para que
seja atropelada e morta. Já pôs a vida de muita gente em perigo. Um dia desses mata
alguém.
Era o que eu precisava saber.
Agradeci e fui embora. Logo em seguida o telefone tocou. Era o meu cliente.
- E aí, conseguiu alguma coisa?
- Sim! – respondi com força – é uma paciente psiquiátrica. Está sempre
tentando o suicídio e foi o que tentou.
- Droga! Desgraça! Imbecil,
morri de graça. Mulher imbecil... – E assim o meu cliente foi amontoando
palavrões enraivecidos. Eu afastei o telefone do ouvido e lentamente sua voz
foi sumindo. Creio que foi para o espaço e com ele meus honorários.
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