sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A CRONICA DA MORTE



Estou participando de um concurso literario com esse texto, caso alguém queira me ajudar deve acessar www.jrocha.com.br/historias e votar no meu texto, desde já agradeço.
                                               Evidio Zimmer

                O meu nome é Norman Cole. Sou detetive de para normalidades e de ufologia. O meu pai nasceu na Inglaterra e a minha mãe na Alemanha. Por ironia do destino me geraram no Brasil e por isso digo que não fui naturalizado brasileiro, fui traduzido para o português. Não fiquei revoltado com isso, apenas um pouco irônico.
                A maior parte do dinheiro com o qual me sustento vem de um blog que fiz sobre os casos que pesquisei. São os patrocinadores que me sustentam, já que na maioria dos casos eu não cobro nada, investigo por gostar do assunto.
                Eu tinha acabado de sair de uma padaria onde fui fazer um lanche quando o meu celular tocou. Olhei para o visor e era um número não cadastrado.
                - Pois não, Norman Cole?
                O meu jeito de atender era totalmente brasileiro. “Pois não” – um inglês nunca diria isso.
                - O senhor é detetive?
                - Sim, mas não atendo casos comuns – avisei – só coisas estranhas.
                - Eu acho que você vai querer investigar o meu caso. – Disse o homem do outro lado da linha – o meu caso realmente é estranho.
                - Tudo bem – respondi – vamos ao assunto.
                - O senhor pode ir até a rua dos cata ventos?   
                Olhei em volta e percebi que estava próximo. Era só dobrar a esquina e descer meia quadra, atravessar a rua, contornar a praça e pronto.
                - Posso sim – respondi.
                - Então quando o senhor chegar na rua tornarei a ligar – e o telefone desligou. Não perdi tempo e comecei a andar. Ao chegar à rua o telefone tornou a tocar.
                - Agora vá até a capela mortuária e entre. Lá dentro eu quero que o senhor observe uma mulher loira que está usando um blusão de lã azul. Só que para evitar confusão, vamos nos comunicar via mensagem, certo?
                Concordei. Ele estava certo. Lá dentro vi o morto num caixão, o que era de se esperar e também vi a mulher descrita pelo meu cliente. Havia ainda outras pessoas, não muitas, umas oito no total.
                Tentei reconhecer o morto, mas não o conhecia.
                - “Já vi a mulher”- digitei e enviei.
                - Muito bom – respondeu meu cliente. – Agora olhe para o morto.
                Já tinha feito isso, mas tornei a olhá-lo.
                - Também já olhei para ele. Posso saber quem é o defunto?
                Acho que algumas pessoas perceberam que eu estava enviando mensagens, mas não liguei. A resposta dele veio logo.
                - Esse cara que está no caixão sou eu.
                - O que?! – gritei em voz alta. Todo mundo me olhou, menos o morto. Pedi desculpas e saí rapidamente. Lá fora voltei a falar com o meu cliente. – Que história é essa?
                - É verdade – disse-me ele – eu morri atropelado por causa da mulher do blusão. Eu quero que você investigue o motivo.
                - Que motivo?
                - Acontece o seguinte: eu ia atravessar a rua, mas parei porque ouvi o ronco de um veículo. Ela estava uns dois metros a minha frente. Ela olhou para trás e começou a atravessar a rua. Deduzi que o carro não vinha na nossa direção, mas para meu azar ele vinha me atropelou e morri ali mesmo. Eu quero que o senhor descubra por que ela fez isso. Certo?
                Fiquei sem saber o que fazer, mas disse que investigaria o caso.
                Para minha sorte a mulher do blusão não tardou a sair. Ela caminhou até a estação do ônibus e embarcou no primeiro que chegou. Também entrei e desembarquei com ela. A mulher andou duas quadras e entrou num edifício. Na mesma hora uma idosa saía. Percebi que trocaram um olhar nada amistoso. Aproveitei a deixa e fui conversar com ela.
                - Bom dia. Eu preciso de uma informação. A senhora conhece a mulher que acabou de entrar?
                Ela me olhou como se fosse me devorar.
                - Essa doida aí? Claro que conheço.
                Percebi que a idosa estava aborrecida e por isso tentei não ser desagradável.
                - Eu preciso saber sobre a saúde mental dela. Ela tem algum problema?
                - Um não, um monte! – fez uma pausa e depois continuou – Ela está se tratando com o psiquiatra ali na outra quadra.
                A idosa foi gentil. Deu-me o nome do psiquiatra e da mulher em questão. Agradeci e saí rapidamente. Fui até a outra quadra e encontrei o consultório. Ele estava fechado. Por isso fui para casa. Assim que cheguei o meu cliente ligou.
                - Alguma novidade?
                - Amanhã eu resolvo tudo – falei calmamente, mas confiante.
                - É bom – disse-me – eu tenho pressa. Sinto que o meu espírito está sendo puxado. Logo tenho que me afastar da terra.
                No outro dia fui até o consultório do psiquiatra. Felizmente o encontrei sozinho. Era um jovem simpático, disposto a conversar.
                - bom dia – disse-me sorrindo – posso ajudar?
                - Sou o detetive Norman e preciso de uma informação sobre uma paciente.
                - Tudo bem – falou – já visitei seu blog.
                Dei o nome da paciente e ele riu.
                - É uma esquizofrênica com tendência suicida. Sempre atravessa as ruas perigosamente torcendo para que seja atropelada e morta. Já pôs a vida de muita gente em perigo. Um dia desses mata alguém.
                Era o que eu precisava saber. Agradeci e fui embora. Logo em seguida o telefone tocou. Era o meu cliente.
                - E aí, conseguiu alguma coisa?
                - Sim! – respondi com força –  é uma paciente psiquiátrica. Está sempre tentando o suicídio e foi o que tentou.
                - Droga! Desgraça! Imbecil, morri de graça. Mulher imbecil... – E assim o meu cliente foi amontoando palavrões enraivecidos. Eu afastei o telefone do ouvido e lentamente sua voz foi sumindo. Creio que foi para o espaço e com ele meus honorários.
               



               

Nenhum comentário:

Postar um comentário