quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O visitante de Donkly25



                       Estou participando de um concurso literario com esse texto, caso voce queira votar nele acesse www.jrocha.com.br/histórias
 
Ayla Zimmer
   Bernardo estava sentado na beira da calçada quando ouviu um barulho esquisito. Ele olhou para os lados, mas não viu nada, a rua estava completamente deserta não havia o menor sinal de vida naquela rua a não ser é claro o dele. Ele pensou que devia ter imaginado, então voltou a contemplar os seus sapatos encardidos.
   Bernardo é um rapaz magro de estatura alta, a pele que normalmente era bem clara, estava escura pela sujeira. Possuía cabelos negros e cacheados, seus olhos são castanhos e miúdos.
   Ele voltou a ouvir o estranho barulho, olhou de um lado e do outro, não viu absolutamente nada, mas desta vez ele não o ignorou, tinha certeza de que ouvira o barulho, não podia ser a sua imaginação, então levantou da calçada e começou a andar pela rua procurando o que causou o estranho barulho. Andou, andou e andou, mas nada encontrou, foi então que ouviu o barulho de novo, porém desta vez o barulho estava ainda mais alto. Bernardo notou que o barulho vinha de um cesto de lixo, então foi até lá e se deparou com um estranho objeto redondo que estava dentro do cesto de lixo. O objeto era branco, tinha o mesmo tamanho que uma bola de futebol. Era pesado, parecia com uma bola comum, mas tinha uma diferença, o objeto parecia ser feito de metal.
   Bernardo resolveu pega-lo para ver o que era, examinou-o bem e reparou que ele possuía um pequeno botão preto, ficou com medo de aperta-lo, mas não conseguiu resistir, com uma mão segurou bem firme o objeto e com a outra ele esticou o dedo e apertou o botão.
   O objeto se abriu e de dentro dele saiu uma estranha criatura de pele roxa e enrugada. Era pequena, e tinha orelhas grandes e pontudas, seus olhos eram grandes e redondos, a criatura possuía garras bem afiadas.
- O que você é? – Perguntou Bernardo espantado.
- O que não e sim quem. Meu nome é R53, vim do planeta Donkly25. Eu estava fazendo um passeio pelo seu sistema solar, tudo estava indo bem, só teve um problema. – Respondeu à criatura, sua voz era bem engraçada, era bem fina, Bernardo teve que se esforçar para não rir.
- O que?! Então você é um et. Bem, mas qual foi o problema? – Perguntou Bernardo ainda bem espantado.
- ET não é a palavra certa, prefiro dizer donklynininiano25. Bem eu fiquei tão distraído com o seu sistema solar que me esqueci de ver o combustível e quando fui me lembrar a minha nave já estava caindo. – Respondeu a criatura.
- É mesmo? Que pena, bem, mas você não tem mais combustível? – Perguntou Bernardo enquanto dava uns beliscões no seu braço para ver se não estava sonhando.
- Infelizmente não, resolvi não colocar um tanque reserva, pensei que a viagem não ia ser tão longa, mas fiquei tão impressionado com as maravilhas deste sistema solar que resolvi ir um pouco mais longe. Ei no seu planeta é normal às pessoas ficarem se beliscando? – Perguntou a criatura que olhava curiosa para a figura de Bernardo.
- Não, não é que eu estou vendo se não estou sonhando. – Respondeu Bernardo.
- Bem, eu acho que não porque eu não poderia entrar no seu sonho. – Disse à criatura que continuava a olhar curiosa para Bernardo.
- Talvez você só exista no meu sonho.
- Claro que não eu existo de verdade!
- Mas mudando de assunto, vocês falam português no seu planeta? – Perguntou Bernardo.
- Não, lá nós falamos doblylililidondi333, acontece que eu usei a chiquiba10, uma maquina que quando usada, faz com que nós donklynininianos25 possamos falar a língua do planeta em que caímos. – Respondeu a criatura.
- Mas no planeta terra nem todos falamos a mesma língua, ela varia de acordo com cada país. – Falou Bernardo que não parava de olhar para a criatura.
- Hum, bem como eu caí no seu país então a chiquiba10 escolheu a linguagem do seu país. Mas em Donkly25 todos falam a mesma língua.
- É nossos planetas tem costumes diferentes.
- Tem mesmo, por exemplo, em Donkly25 gostamos de andar bem limpinhos, diferente de vocês terráqueos que pelo visto adoram ficar sujos.
- Que?! Nós não gostamos de andar sujos!
- Não é o que parece. Você está pior que um todiloko4.
- Um o que?
- Um todiloko4, é uma planta que existe no nosso planeta. Ela está sempre suja. Não gosta de ficar limpa, igual você.
- Não gosto de ficar sujo é que hoje eu andei na terra e acabei me sujando. No nosso planeta as pessoas não gostam de ficar sujas. Bem, talvez algumas gostem, mas grande parte gosta de andar limpa.
- Isso não faz sentido, se algumas pessoas gostam de andar sujas então todas as pessoas gostam de andar sujas.
- Claro que não, as pessoas não pensão todas iguais.
- Não? Nós donklynininianos25 pensamos todos iguais.
- É mesmo? Deve ser muito chato viver com pessoas que pensam exatamente iguais a você.
- Nós não pensamos exatamente iguais, temos algumas diferenças como, por exemplo, minha planta favorita é a undodidididicany77 e a planta favorita do meu amigo D81 é a charayanoka40.  Mas pensamos quase iguais.
- Bem, como é no seu planeta?
- Lá é cheio de plantas que são bem diferentes das do seu planeta. Algumas são bonitas e outras são feias. Algumas plantas são comestíveis, enquanto outras não são. Donkly25 não é claro como a terra, é escuro, estou tendo até certa dificuldade para enxergar aqui.
- É nossos planetas são bem diferentes mesmo.
- Mas como já conversamos demais eu preciso de combustível.
- Duvido muito que tenha aqui na terra.
- Tem sim, nosso combustível é chamado de oglwn21 que traduzido para o português quer dizer sal.
- Sal? Vocês usam sal como combustível?
- Sim, usamos, mas por que você está tão espantado?
- É porque nós usamos sal para colocarmos na comida.
- Que nojo.
- Bem eu vou pegar então.
- Ótimo encha isso de sal. – Disse a criatura enquanto tirava de sua nave um minúsculo vidrinho azulado.
- Tudo bem.
   Bernardo foi até a sua casa, pegou o saleiro e encheu o vidrinho de sal. Depois o levou até a criatura que agradeceu.
- Não conte a ninguém que eu existo, alguns terráqueos podem querer invadir o meu planeta.
- Tudo bem, prometo que não conto.
- Você não vai tentar invadir o meu planeta né?
- Claro que não.
- Ótimo e se tentar terão milhares de plantas carnívoras esperando você.
- Tá bem, então tchau.
- Tchau, até outro dia.
- Até.
   E então a criatura entrou na sua nave e a fechou. A nave começou a voar para cima até desaparecer no céu. 
     
         
  

   

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A CRONICA DA MORTE



Estou participando de um concurso literario com esse texto, caso alguém queira me ajudar deve acessar www.jrocha.com.br/historias e votar no meu texto, desde já agradeço.
                                               Evidio Zimmer

                O meu nome é Norman Cole. Sou detetive de para normalidades e de ufologia. O meu pai nasceu na Inglaterra e a minha mãe na Alemanha. Por ironia do destino me geraram no Brasil e por isso digo que não fui naturalizado brasileiro, fui traduzido para o português. Não fiquei revoltado com isso, apenas um pouco irônico.
                A maior parte do dinheiro com o qual me sustento vem de um blog que fiz sobre os casos que pesquisei. São os patrocinadores que me sustentam, já que na maioria dos casos eu não cobro nada, investigo por gostar do assunto.
                Eu tinha acabado de sair de uma padaria onde fui fazer um lanche quando o meu celular tocou. Olhei para o visor e era um número não cadastrado.
                - Pois não, Norman Cole?
                O meu jeito de atender era totalmente brasileiro. “Pois não” – um inglês nunca diria isso.
                - O senhor é detetive?
                - Sim, mas não atendo casos comuns – avisei – só coisas estranhas.
                - Eu acho que você vai querer investigar o meu caso. – Disse o homem do outro lado da linha – o meu caso realmente é estranho.
                - Tudo bem – respondi – vamos ao assunto.
                - O senhor pode ir até a rua dos cata ventos?   
                Olhei em volta e percebi que estava próximo. Era só dobrar a esquina e descer meia quadra, atravessar a rua, contornar a praça e pronto.
                - Posso sim – respondi.
                - Então quando o senhor chegar na rua tornarei a ligar – e o telefone desligou. Não perdi tempo e comecei a andar. Ao chegar à rua o telefone tornou a tocar.
                - Agora vá até a capela mortuária e entre. Lá dentro eu quero que o senhor observe uma mulher loira que está usando um blusão de lã azul. Só que para evitar confusão, vamos nos comunicar via mensagem, certo?
                Concordei. Ele estava certo. Lá dentro vi o morto num caixão, o que era de se esperar e também vi a mulher descrita pelo meu cliente. Havia ainda outras pessoas, não muitas, umas oito no total.
                Tentei reconhecer o morto, mas não o conhecia.
                - “Já vi a mulher”- digitei e enviei.
                - Muito bom – respondeu meu cliente. – Agora olhe para o morto.
                Já tinha feito isso, mas tornei a olhá-lo.
                - Também já olhei para ele. Posso saber quem é o defunto?
                Acho que algumas pessoas perceberam que eu estava enviando mensagens, mas não liguei. A resposta dele veio logo.
                - Esse cara que está no caixão sou eu.
                - O que?! – gritei em voz alta. Todo mundo me olhou, menos o morto. Pedi desculpas e saí rapidamente. Lá fora voltei a falar com o meu cliente. – Que história é essa?
                - É verdade – disse-me ele – eu morri atropelado por causa da mulher do blusão. Eu quero que você investigue o motivo.
                - Que motivo?
                - Acontece o seguinte: eu ia atravessar a rua, mas parei porque ouvi o ronco de um veículo. Ela estava uns dois metros a minha frente. Ela olhou para trás e começou a atravessar a rua. Deduzi que o carro não vinha na nossa direção, mas para meu azar ele vinha me atropelou e morri ali mesmo. Eu quero que o senhor descubra por que ela fez isso. Certo?
                Fiquei sem saber o que fazer, mas disse que investigaria o caso.
                Para minha sorte a mulher do blusão não tardou a sair. Ela caminhou até a estação do ônibus e embarcou no primeiro que chegou. Também entrei e desembarquei com ela. A mulher andou duas quadras e entrou num edifício. Na mesma hora uma idosa saía. Percebi que trocaram um olhar nada amistoso. Aproveitei a deixa e fui conversar com ela.
                - Bom dia. Eu preciso de uma informação. A senhora conhece a mulher que acabou de entrar?
                Ela me olhou como se fosse me devorar.
                - Essa doida aí? Claro que conheço.
                Percebi que a idosa estava aborrecida e por isso tentei não ser desagradável.
                - Eu preciso saber sobre a saúde mental dela. Ela tem algum problema?
                - Um não, um monte! – fez uma pausa e depois continuou – Ela está se tratando com o psiquiatra ali na outra quadra.
                A idosa foi gentil. Deu-me o nome do psiquiatra e da mulher em questão. Agradeci e saí rapidamente. Fui até a outra quadra e encontrei o consultório. Ele estava fechado. Por isso fui para casa. Assim que cheguei o meu cliente ligou.
                - Alguma novidade?
                - Amanhã eu resolvo tudo – falei calmamente, mas confiante.
                - É bom – disse-me – eu tenho pressa. Sinto que o meu espírito está sendo puxado. Logo tenho que me afastar da terra.
                No outro dia fui até o consultório do psiquiatra. Felizmente o encontrei sozinho. Era um jovem simpático, disposto a conversar.
                - bom dia – disse-me sorrindo – posso ajudar?
                - Sou o detetive Norman e preciso de uma informação sobre uma paciente.
                - Tudo bem – falou – já visitei seu blog.
                Dei o nome da paciente e ele riu.
                - É uma esquizofrênica com tendência suicida. Sempre atravessa as ruas perigosamente torcendo para que seja atropelada e morta. Já pôs a vida de muita gente em perigo. Um dia desses mata alguém.
                Era o que eu precisava saber. Agradeci e fui embora. Logo em seguida o telefone tocou. Era o meu cliente.
                - E aí, conseguiu alguma coisa?
                - Sim! – respondi com força –  é uma paciente psiquiátrica. Está sempre tentando o suicídio e foi o que tentou.
                - Droga! Desgraça! Imbecil, morri de graça. Mulher imbecil... – E assim o meu cliente foi amontoando palavrões enraivecidos. Eu afastei o telefone do ouvido e lentamente sua voz foi sumindo. Creio que foi para o espaço e com ele meus honorários.
               



               

sexta-feira, 16 de março de 2012

O ASPIRADOR DE PÓ

Evidio Zimmer
Depois da vassoura, o objeto que mais cativava Ayla era o aspirador de pó. Ela não sabia como se chamava e nem a sua utilidade, mas sabia que aquele equipamento estranho a fascinava. Um dia fez o mesmo do que tinha feito com a vassoura. Aproveitou uma distração dos pais e foi até ele.
- Podemos conversar?
- De minha parte não há problemas - respondeu o aspirador de pó.
- Então tudo bem, meu nome é Ayla, e o seu?
- O meu é Aspirador de Pó.
- Aspirador de Pó?
- É eu sou responsável pela limpeza.
Ayla ficou impressionada.
- Então o senhor é parente da Vassoura?
- O que? - ofendeu-se o Aspirador - Eu parente das vassouras?
- Desculpe-me - disse Ayla - como vocês dois cuidam da limpeza, eu pensei que fossem parentes.
- Não somos parentes, apenas temos a mesma profissão, só que os Vassouras, são de uma família muito primitiva, nós Aspiradores somos modernos, frutos da tecnologia.
- Eu não sabia disso. Sabia apenas que mamãe passeava pela casa empurrando você, e você arrastando a língua pelo chão. Isso não dói?
- Não, nós fomos feitos para isso. É um prazer para nós auxiliar na limpeza. Um mundo limpo é o nosso sonho.
- Puxa vida! E nós humanos podemos colaborar com vocês?
- Claro que podem. Para isso basta colocar o lixo na lixeira e não jogar nada no chão.
Nesse instante o pai de Ayla se aproximou e comentou com a mãe dela:
- Essa menina é muito curiosa, está sempre olhando para os objetos.